Eu faço yoga.
Não sou uma yogi habilitada a exibir, digo, postar um perfeito Suria Namaskar A em time-lapse no tiktok. Mas sou uma praticante diligente, aluna aplicada.
Assanas são posturas psicofísicas que coadunam psique&corpo numa prática que procura o ponto de intersecção entre ambos. Nesse encontro, a Consciência acontece. Dentre os assanas complexos do yoga, o Sirsasana (google it) é dos mais desafiantes. O objetivo é simples de entender e dificílimo de concretizar: apoiar o topo da cabeça no chão com os antebraços de base. É contraintuitivo, mas a postura exige mais equilíbrio à força e brilhantismo. Uma vez que o yogi alinhe mente-corpo no seu ponto exato&preciso, a acurácia da postura se intersecciona por magia, o assana flui feito rio que corre pro mar.
A invertida, basicamente, inverte o fluxo sanguíneo a fim de atingir um estado de consciência mais elevado e, assim, ampliar a lucidez e a visão.
Quem ainda acha que vemos com os olhos, em verdade, ainda não percebeu a vida, somente (sobre)viveu.
Mais importante do que o assana pronto é o caminho. Cada postura dispõe de várias etapas até ser formada e sustentada pelo yogi. O segredo de mantê-la reside neste Dito Cujo Ponto de Equilíbrio, um gatilho, uma chave, e blink!, cheguei lá.

Ver o mundo de um ângulo invertido é um jeito novo de olhar pra vida, pra mim mesma. Ao ver tudo de ponta cabeça, percebi meus avessos e reversos misteriosamente cadenciados numa certa rima, cujos versos, com meus dois pés no chão, eu não conseguia ler.
O caminho do yoga se faz em assanas, na diligência do sadhana. O caminho da vida se faz em posturas, na diligência do cotidiano. A cada instante, ela nos requisita uma atitude, dando-nos a chance de reagir ou responder - de maneira viciosa&conhecida ou distinta&inédita, quiçá, mais bonita, respectivamente.

Mesmo que o instrutor de yoga seja excelente e auxilie no caminho; mesmo que os yogis ao redor incentivem, estimulem com seu bom exemplo; não importa.
É tarefa pessoal e intransferível achar o seu ponto de equilíbrio, aquele que fará e manterá a postura no yoga e na vida.
Só a gente é capaz de extrair de si o seu caminho, aquele justo ponto que resultará na realização, na paz que é acordar numa vida que sempre se quis viver.
Procurei por muito tempo o meu ponto externo-interno com os pés no chão. Me disseram que era assim que se chegava "lá". Até que eu descobri que não havia lá.
O tal "lá" era um mito, uma miragem escapista e fugidia da realidade.
Existe somente o aqui e o agora. Supere a dimensão do espaço e encontrará o aqui. Supere a dimensão do tempo e restará o agora. Instalada nele, de cabeça pra baixo, em absoluta presença consciente, vislumbrei pela primeira vez o meu ponto de equilíbrio, veja só, ao inverter tudo, extrapolar a lógica, com os pés no ar e a cabeça no chão.
Desse misterioso ponto eu pouco sei. Só sei que ele existe em cada um de nós. E sua chave mora dentro da gente, provavelmente, bem perto daquele ângulo nunca antes visto.
Até sempre,
Susan Duarte
Ceo & Founder Zeitgeist iD | A sua marca no espírito da época.
©Copyright 2022 Zeitgeist iD.
REFERÊNCIAS
O caminho do jardim de Monet. Santhatela. https://amzn.to/3VwUxBY
Yoga para nervosos, Hermógenes. https://amzn.to/3TjKXjM
Os Yoga Sutras de Patanjali. https://amzn.to/3CXf8I1
Comments