Às vezes, chega de mansinho, num remanso, silenciosa; em outras, prefere o repentino, pé na porta, autocrática, um rio de fogo.
Independente da abordagem, ela sempre é imperativa.
Costumo imaginar a vida, assobiando distraída, lixando suas unhas metafóricas, enquanto eu, iludida, faço cálculos e previsões.

No meio do caminho tinha uma pedra, tinha uma pedra no meio do caminho, e nesse mood Drummond, fiquei dias sem escrever. Férias? Quem me dera, How I wish, how I wish you were here, férias! Muita coisa aconteceu neste ínterim, e dentre elas, ela aconteceu - a vida e seu modo imperativo de ser.
Acho graça de como a vida sabe dar de ombros, bem blasé, com direito a uma risadinha impetuosamente discreta, de todas as minhas planilhas de excel, estratagemas minuciosos, planos infalíveis e to-do lists que cobrem o diâmetro do planeta terra de tão completas.
(Leia esse trecho com ironia, porque, juro!, escrevi com ironia e sarcasmo.)
Cartesiana assumida e pragmática incurável, não sou partidária do jeito laissez-faire, e de let it be, pra mim, só se for a canção de Paul McCartney. Traço metas, faço planos, executo, e voilá, a la magie do trabalho bem feito atua e, finalmente, eu concretizo. Esse é o meu jeito, não sei viver em outro modus operandi, mas a vida sabe. Quando ela quer, ela acontece, e altera de imediato o estado da arte de uma situação ou meta, de um plano, de uma biografia, de duas ou mais, para sempre.
"A vida é aquilo que acontece enquanto você está ocupado fazendo outros planos." John Lennon.
Pois é, John. E depois que a vida acontece, outra Senhora Non Grata se intromete nesta equação: a Mente Humana, reducionista que só, querendo controlar tudo outra vez, mesmo diante da complexidade da trama que é viver. Tal movimento mental só provoca ainda mais gargalhadas para esta nossa adorada sabida, a vida. Nessa tentativa, a Rainha das Antíteses, nossa mente, produz milhares de problemas, cenários catastróficos, dúvidas, medos, preocupações, antecipações várias, todas inúteis, imagina o próximo armagedom, provisiona uma hecatombe nuclear. UFA! UAU! Não há limite para a tortura mental.
"Tive milhares de problemas em minha vida. A maioria jamais aconteceu." Mark Twain.
É muito barulho por nada. E haja meditação! É viver à base do OM, na (vã) pretensão de silenciar tamanho desassossego.
A vida é imperativa. Não dá tempo de contra-argumentar, nem de ponderar, quiçá, respirar. Tempo para espernear, então, ela sequer tem paciência. Tolerância zero. Blasé que é, acontece e pronto.
Por mais que a natureza da vida soe meio goela abaixo, há uma benesse especial em sua maneira de agir. Ela sabe realinhar as órbitas de todos os meus planetas e, configurar uma nova ordem, onde à princípio, eu só via caos. Uma ordem nova, mais bonita, criativa e melhor.
Caso a vida tenha acontecido, não se desespere. Apenas confie.
Afinal, ela sempre sabe o que faz, melhor do que eu, melhor do que nós.
Do meu jeito, do jeito dela, do seu, não importa. De algum modo, eu só sei:
Tudo está em divina ordem.
Até sempre,
Susan Duarte
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