Qual será o grande segredo das bruxas?
Nos chamam de patricinha se às quartas usamos rosa e amamos uma tiara. Nos chamam de machinho de calças se trajamos alfaiataria.
Nos chamam de exageradas quando subimos num salto 12 na tentativa de nos erguer num mundo que tenta nos esmagar. Nos chamam de desleixadas quando optamos pelo havaianas ou pela rasteirinha. E deus ô livre se a gente andar de pé no chão.
Nos chamam de consumistas quando compramos um vestido novo. Nos torcem a cara quando repetimos, vezes demais, o mesmo vestido.
Nos chamam de vaidosas quando vamos ao salão - unha feita, cabelo hidratado, depilação em dia. Torcem a cara quando, numa fase La Loba, dizemos não ao cabelo, ao esmalte, à pele lisinha, enquanto vestimos nossa natureza selvagem.
Nos chamam de santas, perfeitinhas, candidatas à Calcutá quando vamos à missa, rezamos o terço, fazemos caridade. Nos chamam de hereges, macumbeiras, se a gente resolve cantar, acender velas, incensos e dançar com uma saia bem rodada.
Nos dizem pra virar mãe. Não ser mãe. Ou ser mãe que trabalha e dá conta de tudo. Se trabalha, é egoísta. Se escolhe ficar em casa, é preguiçosa. E depois ainda dizem que não fizemos nada da nossa vida. De fato: "SÓ" fizemos uma família, né? Coisa pouca.
Dizem que a Barbie divorciada é a mais cara. Nunca contaram qual a parte do Ken que causou o divórcio. Pra quê, né? Todo mundo sabe que a culpa foi dela.
Somos passivas quando dizemos 'sim, sr.', 'não, sr.'. Somos a louca da casa, atrevidas demais, atiradas do penhasco, quando berramos alto contra os déspotas nada esclarecidos que tentam nos domesticar - pais, maridos, chefes, colegas, clientes, outras mulheres.
Nos xingam no trânsito. "Só podia ser mulher", eles dizem. E acham absurdo se a gente não dirigir e, até nisso, depender do marido.
Nos admiram se somos a guerreira sofredora que, feito Atlas, carrega o mundo nos ombros. Nos criticam se assumimos o arquétipo da mulher poderosa - a que ousa, a que cria, a que destrói, a indomada.
Nos chamam de p-utas, depravadas se gostamos de sex0. Mas a culpa é do nosso recato em excesso se ele for procurar outra na rua. Jamais a filha da p-U-tagem será dele. Santo marido.
Nos chamam de incompetentes se dependemos financeiramente do marido. Nos chamam de gananciosas se fazemos milhões. E nos punem nos deixando sozinhas lá no topo do sucesso. Quem somos nós, mulheres, pra ousar chegar lá, não é mesmo?
Mana, mina, mulher, chega aqui pertinho. Me ouve com a alma agora.
Se você, como eu, for bruxa, santa, curandeira, herege, louca, budista, barraqueira, lady like, mãe, furiosa...
Faça o seu sabá, reze o seu terço, cante o seu canto, ponha suas unhas/garras/dentes em seu jardim, suas entranhas, seu macramê, sua empresa, seu livro, seu projeto, seu sonho, sua família, e continue CRIANDO.
Por isto que acende a chama em nós, que vem lá do fundo de los ovarios - continue criando.
Faça seu fogo criativo inflamar, a chama da sua alma flamejar.
Por um bom tempo ainda, sejamos realistas, eles (e algumas elas) vão continuar querendo nos atirar à fogueira de qualquer forma.
Enquanto isso, a gente queima de desejo e criação na plenitude de ser quem somos.
O segredo das bruxas? Elas eram (e são) mulheres.
Não importa o quanto nos acusem e condenem. O nosso fogo queima e flameja muito mais alto do que qualquer fogueira da inquisição.
Eu sou uma mulher que ri e corre livre na direção do horizonte. E preciso que você seja assim também. É assim que a gente vai costurando e curando a psique feminina coletiva.
Seja.
Livre.
Indomável.
Bruxa.
E Mulher.
Mas SEJA.
E CRIE.
E QUEIME.
E assim ILUMINE. A si mesma, a mim, a todas nós.
Do fundo de los (mis) ovarios,
Susan
Até sempre,
Susan
Creator
Artesania da Palavra | Diamantes de Consciência refletindo o espírito da época.
Susan Duarte©Copyright 2025.
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