Fernando Pessoa. De novo, outra vez e sempre.
Hoje, não falarei dele. Mas de uma de suas muitas palavras: amabilidade.
De acordo com o Dicionário Michaelis, a palavra opera em dois sentidos: no atributo de ser amável e na ação delicada, propositadamente, gentil.
É comum, no reino egoico a que chamamos de mundo, assistir ao esforço das pessoas para parecer elegantes. Vejo poucas, porém, dedicando-se ao esforço de ser amável e de agir com amabilidade. Vale enfatizar: amabilidade é um advérbio, um modo, consciente, de ação. Acredite: a palavra fica linda, deveras elegante, quando aplicada ao verbo cotidiano da vida.
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"Vivemos todos, neste mundo, a bordo de um navio saído de um porto que desconhecemos para um porto que ignoramos; devemos ter uns para com os outros, uma amabilidade de viagem."
Livro do Desassossego.
Por estes dias, fui à padaria. A pessoa que me atendeu errou 4 vezes o pedido que fiz, nos tipos e quantidades, ainda que eu tivesse falado de modo pausado e claro. Adivinhe só? Eu estava com pressa, cansada, e pior, com fome! No entanto, já faz um tempo que tomei uma decisão: Não, Susan, basta de reagir! A partir de agora, vamos responder.
Vi ali, em meio à padaria, a oportunidade perfeita para praticar meu autodomínio. Como? Em termos práticos: dei um passo atrás, respirei, repeti, fiz graça com a pessoa, na tentativa de suavizar a situação. E pasme: funcionou! Nós duas acabamos por rir. Vi nela o cansaço que refletia-se em mim. E fiz um esforço consciente de tratá-la com amabilidade, pois reconheci apenas um outro ser humano como eu.
Somos todos peregrinos neste mundo, afinal. Papa Francisco.
O cotidiano está repleto de oportunidades. Trânsito, padarias, órgãos públicos, não importa. Todo lugar e momento reserva novas chances, algumas inéditas, para sermos melhores. Mais amáveis; mais humanos. Daqui, quase escuto Fernando Pessoa a sussurrar em minha memória...
Onde é que há gente nesse mundo?
Acha difícil ser amável? Fácil não é, mas é possível.
Desça do seu pedestal, abandone a sua pressa, e por um instante, tente revestir o seu olhar de tolerância e trajar o seu comportamento de paciência. Tolerância e paciência, aliás, são duas virtudes, jamais adquiridas, mas sim, sempre, e obstinadamente, exercitadas.
Estar com o senso crítico e/ou pejorativo ligado o tempo inteiro, por vezes, pode pegar alguém desprevenido, mais sensível, até cansado, e provocar incômodos desnecessários. Pra quê? O que eu ganho com isso? Ou mesmo você? Na real, não se iluda, a gente só perde.
Respire, dê um passo atrás. Há sempre uma escolha. Saia do modus operandi implacável; ative o modus amável. Quem sabe?
É simples? Depende.
Mas é provável, se a gente tentar.
Até sempre,
Susan Duarte
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