Certa vez, eu li na biografia de Michael Jordan a sua receita para perdas.
Quando ele perdia - o jogo, a si mesmo, a disciplina, o treino, o rumo, o propósito, logo aplicava um remédio chamado RTB.
Return to basic. Retorno ao básico.
Muito se fala hoje em dia em inovação, criatividade, criação do novo. Pouco tem se falado, porém, no velho "arroz e feijão" bem feito. O básico bem feito. Ações simples que edificam uma base sólida, diariamente, nutrida.
Muito se fala do extraordinário, da construção de uma vida épica. Pouco se tem destacado, contudo, a força que há no ordinariamente comum, realizado na diligência e na continuidade, à risca, com entrega e disposição.
A vida é dinâmica, nos arrasta pra lá e pra cá. Ela irrompe a nossa ordem com perdas inesperadas. Mortes simbólicas, mortes físicas, enterros pessoais, familiares, despedidas. Todas transformações dolorosas e necessárias à continuidade da vida.
Se perdeu alguém, algo, a hora, o voo, o rumo, a dieta... Se pegou a tangente em aceleração máxima... Se dobrou na esquina errada e perdeu o mapa, o maps, o wi-fi, a 5G, o tino...
Volte. Só volte. Volte ao centro.
Como retornar ao centro? Aplique a força centrífuga do "arroz e feijão bem feito". O RTB do Michael, o AFBF da Susan.

Num corpo mental e físico estafado não há presença consciente. Não queira fomentar clareza num sistema cognitivo esgotado. Descanse. Respeite seus ritmos e limites.
A matriz da antropologia humana é o epicentro do Ser dentre seus próprios limites e possibilidades. Ciente de meus limites, posso sim, expandir minhas possibilidades. Ciente das possibilidades, posso também delimitar parâmetros e fronteiras que não me farão bem cruzar.
Tudo posso, mas nem tudo me convém.
No equilíbrio entre ambos, limites e possibilidades, reside o ponto central do florescimento da potência humana.
É bom olhar para as infinitas possibilidades. Sou partidária de uma cosmovisão ampliada. Também é bom manter os olhos e pés bem firmes nos limites que delimitam o nosso centro. Possibilidades são sedutoras. Mas é no centro do limite de si mesmo que reside a nossa verdadeira infinitude, a nossa força REAL.
Feito Cristo, após a via-crucis, sempre nos aguarda a ressurreição.
Um bom jeito de ressuscitar é retornar como o filho pródigo fez. Retornar pra onde? Pra casa, para as bases, aos atos basilares que costuram a trama de nossa existência, fio a fio, dia a dia.
E que a gente não perca nem se perca, seja na tangente, na esquina ou no centro, da nossa alegria de Ser.
Até sempre,
Susan
Founder Zeitgeist iD | A sua marca no espírito da época.
Creator Artesania da Palavra | O meu blog no espírito da época.
Susan Duarte©Copyright 2023.
Livro citado: "Nunca deixe de tentar", Michael Jordan, 1994.
Comments